SONETO ATROZ

O adeus já não prevê saudade ou luto,

Senhora, é cedo às margens doutro ocaso

E a ausência pesa em tudo quanto escuto,

sussurro às águas turvas, dor sem prazo.

Se amar dissesse do que somos, fruto

Amargo, um dolo atroz em todo caso,

Inútil não seria o sonho bruto

Propondo algum futuro, embora o atraso.

Passamos, solidárias sombras mudas

Distantes do que em nós já foi certeza,

Após a paz de espadas vis, agudas...

Seremos cedo ou tarde a lenda viva

Duns tantos que celebram, junto a mesa

Horrenda, numa noite permissiva...

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 26/05/2021
Código do texto: T7264609
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