Somnium obmutum
“…Y los sueños, sueños son!”
(CALDERÓN)
Findou-se o sonho! Desfeitas as ilusões,
Desaparecem tal qual fumaça no ar.
Nas próprias fundações começam a tombar
Uma a uma as delirantes construções.
Do Devaneio estão desertos os salões;
Neles o Silêncio passou a imperar
E, num piscar de olhos, mandou enxotar
A fantasia, a música e as visões.
Deponha a lira, ó poeta, sem demora!
É pela Realidade que és chamado.
Do transe despertai, portanto! Já é hora!
Belo foi tudo que houveste sonhado –
Mas sonhos, sonhos são… Despeça-te. E, agora,
Segui aonde dirigir-te vosso fado…