Minha filha
De passos brancos, ergo o olhar vazio, quedo,
a procurar nos céus a minha amada estrela
e então dizer a ela o quanto dói não tê-la
aqui por perto... Ouvir sua voz de manhã cedo...
Pudera haver do tempo o seu passado ledo,
reter na mente o azul de anil dos olhos dela;
sentir-me plena ao ver meu verso da janela
correndo livre, pés no chão, feliz, sem medo.
Guardei acá, bem rente ao peito, sua lembrança,
porém a velha mão do tempo não alcança
e o traço desencontra a pena fugidia...
De passos brancos, cerro o olhar vazio e sigo
a procurar a luz do cristalino antigo
para escrever-te, filha, a cada novo dia...
Alice