RAINHA

Atormentado, aqueço meu gemido

na sôfrega voragem deste lume

e a nostalgia novamente assume

as rédeas do meu sonho preferido.

No feixe do luar compadecido

descanso as agonias do queixume

até que o desatino se consume,

morrendo, ao me deixar adormecido.

Um vulto na vidraça da janela

resgata a antiga cena que, singela,

fascina, faz chorar e desalinha.

Alado, o pensamento se aproveita

da insanidade e entrega a doce eleita

aos braços onde sempre foi rainha.