A vida

(C'est la vie)

Que solidão! Que vida! Que tristeza!

Minha alma nobre e pobre e podre e vã,

Meus olhos com cegueira e malvadeza.

Fatal paixão lascada, sem irmã.

Estrelas caminhantes, céu sem beira;

Juízo morto, maldição, sussurro;

Angústia tropeçante, sem maneira:

Eterno tombo triste, sempre escuro.

Os dois últimos faróis do céu

Mataram-me enforcado: a morte muda.

Poema doce como pluma e mel.

Um Deus morto ainda morde, insulta

E grita um grito cômodo, execrável:

"A minha solidão é miserável!"

De um vivo, seja lá o que isso signifique.

Pedro Lino.

Pedro do Nascimento Lino
Enviado por Pedro do Nascimento Lino em 05/05/2021
Reeditado em 05/05/2021
Código do texto: T7248659
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.