A vida
(C'est la vie)
Que solidão! Que vida! Que tristeza!
Minha alma nobre e pobre e podre e vã,
Meus olhos com cegueira e malvadeza.
Fatal paixão lascada, sem irmã.
Estrelas caminhantes, céu sem beira;
Juízo morto, maldição, sussurro;
Angústia tropeçante, sem maneira:
Eterno tombo triste, sempre escuro.
Os dois últimos faróis do céu
Mataram-me enforcado: a morte muda.
Poema doce como pluma e mel.
Um Deus morto ainda morde, insulta
E grita um grito cômodo, execrável:
"A minha solidão é miserável!"
De um vivo, seja lá o que isso signifique.
Pedro Lino.