Heresia
Do meu altar particular tu eras Deus
a quem dedicava profanos sacrifícios.
Ajoelhada e contrita, exercia meu ofício
para teu prazer, em detrimento dos meus.
Os deuses de outrora, diante de tua graça,
ofuscados foram, reduzidos a pagãos.
E tu, o escolhido, Senhor de mim, varão!
Eu, serva fervorosa, Madalena devassa.
Eras, contudo, ídolo de pés de barro
coração de pedra, déspota vil, escarro,
que à Terra Prometida nunca me levaste.
Falsas eram tuas palavras, incertas.
Recusaste meu amor como oferta,
porém meu sangue e carne aceitaste.