Em justiça dos poetas
Não vão o julgue de menos ou de mais,
Se não sabe o motivo do poeta,
Nem todo entendimento que ele traz
E nem todo universo que ele afeta.
Não o julgue como pessoa asceta,
Não é bem isso o que um poeta faz.
Há algo além da beleza direta,
Algo além da dor expressa no cartaz.
Cego que não sabe que não enxerga,
Um doente que a doença posterga,
Mas que quer adoecer antes de tudo;
Porque o poeta é mártir inconsequente,
É a versão que é negada na sua mente,
Que exprime gritando aquilo que é mudo.