Nem um som, nada escrito sobre a tumba!
Cresce o número de lápides e de habitantes de jazigos.
Netos, bisnetos, maridos… esperam numa fila interminável a abertura de mais um túmulo no paraíso.
Anjos barrocos, dragões, felinos.
 
No cemitério li um libelo em sua homenagem, da mais pura arte.
Fiz um breve passeio entre tantos túmulos, o que me deixou comovido.
Quietude tomou meus sentidos.
Sinto meu coração bater suavemente paro diante de meu eu e o silêncio faz sentido.
 
O capelão encomendou o defunto. Uma senhora inundou o olhar.
A chuva molhou o anjinho caído.
 
Na entrada do saguão fiquei parado, atônito, sofrendo.
Ouvi um sopro, o vento, alguém afirmou que iria chover!
Não pensei e nem disse nada.
 
Hércules Azevedo
Enviado por Hércules Azevedo em 18/04/2021
Código do texto: T7235363
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