Ruídos
A rua está escura como o mundo.
Escuto os sons da noite... e há pouco sono.
zuniu um raio ríspido de outono
no vidro da janela – feio, fundo.
Murmúrios – um coral: o cão imundo
e as aves de pesar são do abandono,
metáforas fiéis do fim do entono,
a dor que canta o desprazer profundo.
Ruídos outros capto (e ignoro?)...
tento atracar ao turbilhão sonoro
essa aflição que do meu peito emana.
Tapo os ouvidos: um fragor! Dá medo.
Tomara, Deus, que eu adormeça cedo
E haja silêncio ainda essa semana!