Ruídos

A rua está escura como o mundo.

Escuto os sons da noite... e há pouco sono.

zuniu um raio ríspido de outono

no vidro da janela – feio, fundo.

Murmúrios – um coral: o cão imundo

e as aves de pesar são do abandono,

metáforas fiéis do fim do entono,

a dor que canta o desprazer profundo.

Ruídos outros capto (e ignoro?)...

tento atracar ao turbilhão sonoro

essa aflição que do meu peito emana.

Tapo os ouvidos: um fragor! Dá medo.

Tomara, Deus, que eu adormeça cedo

E haja silêncio ainda essa semana!

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 13/04/2021
Reeditado em 13/04/2021
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