O Sangue no Palato
Sinto gosto de sangue no palato
Presencio a morte na matutina
O ar pesado exala das narinas
Despertando o sentido do tato
Entre dores e desesperança vai-se minha mortalidade
A minha vida para as trevas foi despertada
Sinto o pesar de minha alma já condenada
A viver no limiar entre a morte e eternidade
E na espreita da noite só o instinto da caça me desperta
A ânsia da fome sufoca-me no desespero e na dor
Penso somente no pálido pescoço da donzela
E na pele esbranquiçada que o corpo traz
Somente o sangue vivo proporciona sabor
Pois neste cadáver morto-vivo a alma já jaz
Davi Freitas - 11/04/21