Na Beira da Lagoa

Rugindo à lua o Pensamento grassa

Preso ao galope que no céu martela...

A voz penosa grunhe igual procela

Que o vento atroz arrasta pela praça...

Depois dos trinta o mundo perde a graça,

Restando só as dores e a novela

Que no meu peito, aos poucos, se esfarela...

Percebo a lua... Mas a lua passa...

Que ris de mim, terrível lua branca?

Não vês que a vida segue meio manca

E os olhos choram sangue e fel à toa?

Que ris assim, se teu luar é ermo?

Hás de morrer no céu azul-enfermo...

E eu morrerei na beira da Lagoa...

Gustavo Valério Ferreira
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 09/04/2021
Reeditado em 11/04/2021
Código do texto: T7227393
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.