Na Beira da Lagoa
Rugindo à lua o Pensamento grassa
Preso ao galope que no céu martela...
A voz penosa grunhe igual procela
Que o vento atroz arrasta pela praça...
Depois dos trinta o mundo perde a graça,
Restando só as dores e a novela
Que no meu peito, aos poucos, se esfarela...
Percebo a lua... Mas a lua passa...
Que ris de mim, terrível lua branca?
Não vês que a vida segue meio manca
E os olhos choram sangue e fel à toa?
Que ris assim, se teu luar é ermo?
Hás de morrer no céu azul-enfermo...
E eu morrerei na beira da Lagoa...