Lágrima do dia
Aqui, agora, a solidão que ronda
o meu caminho me exaspera o passo.
Gélido o vento veste-me o fracasso;
lépido o tempo na amplidão estronda.
Uma vontade de ser livre, a onda
inenarrável de fumaça e de aço,
fura o silêncio, funde meu cansaço
nos vãos da casa, cada canto sonda.
Onde eu fiquei? em que fração de dor?
Como formou-se a simulada flor
que os olhos orna mas o peito oprime?
– Agora, às mãos da madrugada fria
deixo cair a lágrima do dia,
pra que ela oculte, como fosse um crime.