Lágrima do dia

Aqui, agora, a solidão que ronda

o meu caminho me exaspera o passo.

Gélido o vento veste-me o fracasso;

lépido o tempo na amplidão estronda.

Uma vontade de ser livre, a onda

inenarrável de fumaça e de aço,

fura o silêncio, funde meu cansaço

nos vãos da casa, cada canto sonda.

Onde eu fiquei? em que fração de dor?

Como formou-se a simulada flor

que os olhos orna mas o peito oprime?

– Agora, às mãos da madrugada fria

deixo cair a lágrima do dia,

pra que ela oculte, como fosse um crime.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 06/04/2021
Reeditado em 06/04/2021
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