PASSANDO

Sulca-me as frontes já rugas encanecidas

Olhar embaçado eu vejo o velho cerrado

Torto, “pedregado”, arbusto tão delgado

No tempo vou em velocidades incontidas

Cabelos brancos, vá, não seja tão abusado

O meu espanto, quanto as tuas investidas

Tão fugaz, minhas queixas enfraquecidas:

Lamentos, surpresa, pavor, sem resultado

Tive antipatia, tive inocência, e repulsa

Com a estranheza furiosa da mudança:

No espelho a figura avelhantada pulsa

E, atendo ao inevitável, já, só lembrança

Passou, vai passando, e a história incursa

Ao passado, a temporada de ser criança...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Abril de 2021, 12’45” - Araguari, MG

Vídeo poético no Canal do YouTube:

https://youtu.be/1rlqRwQ-iT0

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 05/04/2021
Reeditado em 05/04/2021
Código do texto: T7224578
Classificação de conteúdo: seguro