AMOR SUBLIME AMOR
AMOR SUBLIME AMOR
O inexplicável que se perpetua
Após superar impiedosa queda
No esforço de vestir a alma nua
Troca pela razão feito vil moeda
A finitude do entusiasmo sexual
Assenta a marca do sentimento
Ou esvanece o encanto do casal
Pela noção de viver um momento
Amor eterno se torna necessário
Quando não se aproveita solitário
Tem também conotação universal
No liame humano é circunstancial
Em respeito ao conviver igualitário
Premissa para não ser temporário
Marco Antônio Abreu Florentino
Soneto que enaltece o permanente amor, que é espiritual e não sexual, condição essencial para que não haja diferenças entre os atores desse nobre sentimento.
Tem inspiração em em dois textos de Platão: O Banquete e o diálogo Fedro.
O primeiro, no Simpósio, Platão coloca a versão de Sócrates sobre o conceito de amor, de que o que se ama é somente aquilo que não se tem. E se alguém ama a si mesmo (solitário), ama o que não é. O objeto do amor sempre está ausente, mas sempre é solicitado. A verdade é algo que está sempre mais além: sempre que pensamos tê-la atingido, ela escapa entre os dedos.
O segundo (Fedro), embora sobre o tema do amor, a discussão no diálogo gira em torno da arte da retórica e como deve ser praticada, e apoia-se sobre temas tão diversos quanto a metempsicose (a tradição grega da reencarnação), o eros (amor erótico), e a philia (amizade).
O soneto também faz referência ao sublime texto de Saulo de Tarso em 1 Coríntios 13, sobre o amor universal, no qual Paulo fala da excelência da caridade como amor puro, que excede e supera quase todas as outras coisas.
https://youtu.be/U7p4QbqCmhc
(Monte Castelo - Legião Urbana)