FOTO: GOOGLE
INTERAGINDO COM FLORBELA ESPANCA
Florbela Espanca dispensa apresentações. A minha admiração por esta soberba poetisa, infeliz na vida mas com obra magnificiente, é, há muitos anos, humildemente declarada. Apresento aqui uma modesta interação a um dos seus mais lindos sonetos. Espero que o/a leitor/a goste.
AMIGA
Deixa-me ser a tua amiga, amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.
Que só, de ti, me venha magoa e dor
O que me importa a mim? O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!
Beija-me as mãos, amor, devagarinho...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!
Florbela Espanca
Quero que sejas minha amiga, amor
E também quem sempre me amou e ama
Que sejas a melhor, a eleita sem dor
Para comigo estar sempre, na chama
Em teus olhos nunca quero ver tristeza
Não, nem mágoa, apenas terno amor
E que sempre seja sonho em beleza
Bendita sejas por dares tanto calor
Beijar-te-ei sim tuas mãos com ternura
Seremos uns ternos passarinhos irmãos
Entre nós não mais existirá lonjura
Elas serão osculadas com doçura
Serão apenas guardiãs, as tuas mãos
Em ti não mais existirá amargura!
Ferreira Estêvão