Escarro sútil
A noite, quando o escuro e a fome me sufocam
Quando a peste do meio-dia se aloja em mim
Sei que o meu pedido de socorro traduz-se em sim
E consigo enxergar os dois mundos que se chocam
E se as almas malditas me amordaçam
Eu sei porque sim, porque ruim, porque vim
E que a grama dos outros não passa de capim
Porque outrora demorava eu dizer enfim
Mas o enfim veio e me pôs de joelhos, caída.
Não esperava mesmo feliz conviver com a dor
Eu que tanto queria achar o sentido da vida
Me encontro agora abraçada com a paz e o horror
Uma paz nojenta, ruim e que pelo corpo é cuspida
E um horror que atualmente não me causa mais pavor