NÊGO
Mauro Pereira
Era um negro, tão preto que luzia!
Um boa-vida airoso! Um mandrião!
Também chamado de Nêgo e de Tição...
O dono do pedaço e que a ninguém ouvia.

Embora um cara avesso a estripulias
Fugiu e se atracou à encanação.
Tentou galgar o tubo que o prendia
E foi do quarto andar direto ao chão.

.... Um dia a cuidadora, ao seu par distante,
Mostra no colo o Nêgo nu, arfante,
Deitado e quieto; como que dormia.

Ela esboçou num gesto, a despedida.
E olhando o Nêgo com uma dor sofrida,
Ela chorava...! O gato seu morria!

Porto Alegre, 03/11/2017
MAURO PEREIRA
Enviado por MAURO PEREIRA em 28/03/2021
Reeditado em 28/03/2021
Código do texto: T7218102
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