Anjos Suicidas
O voo belo sofre queda retumbante
À luz fúnebre, sob a lua inesperada;
Pétalas que despedaçam a alma brilhante
Na música silente, silente pancada...
Jaz no baque sutil o medo castigante
De quem voou eternamente para o nada...
Restou a dor e o desespero lancinante
De quem achou o anjo sem luz na madrugada...
Ismália na torre e seu sonho angustiante
Vê Ofélia lá no rio sendo afogada,
Mas ninguém vê, pois a lua está ofuscante...
Ismália pula — Ofélia jaz desacordada —
Sem conseguir nadar, vê-se insignificante...
Perante a lua e o mar se perde imaculada!