Sem ensaio

Meus pés caminham sempre de improviso

Passos bem firmados no inesperar

E o que é viver senão ser um indeciso

Que oscila em todo o inimaginar?

Perpetrando sonhos, garimpando o riso

Buscando a esperança desencarcerar

Vivendo infortúnios em que falta o siso

Morrendo até um próximo ressuscitar

Em uma tragicomédia diuturna

De gargalhada alegre, mas soturna

Onde a certeza encontra o atormentar

Onde as cortinas fecham sem aviso

E atores, quer no pranto ou no sorriso

Um passo mais incerto ainda vão dar.