LÁGRIMA

Derrama-se densa, em lenta pena,

Nas maçãs tão claras, vis e pecadoras.

Outrora à âncora, comprimida e alenta,

Demorava-se a brilhar encantadora.

Vai-se à beira do torpor da rubra face,

Maviosa, fenecida e sem alarde,

Salgar-te à memória, à dor do encrave,

Com seus fúnebres contos de saudade.

Embora tu, ausente do infirme eco do engano,

Possas pensar que basta a ti, um simples pano,

Para que o orvalho trivial possas secar; _

Vais abrandar, frigidamente, somente o tanto

Que tuas mãos tão decadentes em seu pranto

Poderiam tenuemente alcançar.

Itamar FS

ItamarFS
Enviado por ItamarFS em 06/03/2021
Reeditado em 17/12/2023
Código do texto: T7199578
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