ENCOMENDA ASSOMBRADA
“Soneto da Desolação”
Eu jamais acreditei em assombrações
E ainda mais em desonestas bruxarias
Mas que acontecem, por aí, fantasmagorias
Já é lugar comum, nas ondas d´ emoções…
E se no mundo das coisas existem tropeções,
Transmutando-se interesses em atropelias
Com banais encomendas feitas arrelias…
O que acontecerá no trato de corações?
Não se confundam, porém, coisas com pessoas –
Esse acto inconcebível à sombra do negócio –
Co´ a ideia de benesses, tidas como boas…
O enviar “encomendas” não é mero ócio,
Que, à luz da competência, mereceria loas,
Comprovado como um ritual de sacerdócio.
Quando, porém, uma encomenda, sendo enviada,
Roda de ceca em meca – como que um ópio –
Que conclusão tirar? – Que anda assombrada!
E se é tão estranho que tudo isto aconteceu
De uma forma bizarra, um tanto desajeitada,
Desabafe-se já: – E o “assombrado” sou Eu!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA