Ilustração do autor
O FAROL
JB Xavier
Por vezes vejo-me a sonhar, distante
A navegar por um vasto oceano,
E ao navegar eu sigo delirante
A me iludir neste meu vasto engano.
Velas ao vento, nas mãos o sextante,
O rosto vinca-me o vento profano,
Geme nas cordas a dor incessante
A me seguir sempre por onde flano.
E lá na proa sobe o espumaredo
Tecido em rendas desta alva agonia
Que aos poucos vai se transformando em medo.
E ao navegar neste escarpado atol,
Lá no horizonte eu vejo, fugidia,
A imagem tua, que era meu farol...