MEDO DA NOITE

No colo do horizonte enrubescido,

dispersa a claridade derradeira

aquela estrela sempre companheira

do encantamento outrora dividido.

As tardes onde a vida, lisonjeira,

deitava inspiração no amor sentido

relembro ao me apartar do colorido

e perseguir o sonho que se esgueira.

Ainda vive, em traços, a fragrância

da brisa que tocava um peito em festa,

marcando de agonia meu degredo.

Se as horas encurtassem a distância,

curassem este louco que protesta,

da noite eu não teria tanto medo.