AMOR E CIÚME

Ante o olhar, um clarão me incendeia na essência,

muito embora me oculte a razão de seu lume.

Não distingo se amor ou se fero ciúme,

sei somente que dói e me dói com violência.

Sempre quis entender a total desistência,

por alguém, de viver sem chibata, sem flame

do parceiro que o faz bibelô de origâmi,

a dobrar, redobrar sua infame carência...

Eis-me agora irrequieto, arredio felino,

nesta jaula, esperando o alimento restrito,

que só ganho se armar seu desejo viril.

E o clarão ante o olhar me abrasando, ferino,

se desvela, afinal, em rastilho ao atrito,

nos destroços do amor que o ciúme explodiu.