EM CINZA
Eu nesta casca cravada de cinza
dos idos findos queimados, que, um dia,
floriram lírio azulado à poesia
nos universos sublimes de mim.
A pele em vincos e flácidas marcas
transpira o sonho perdido no tempo,
trancafiado ao sacrário do templo
que, no passado, chamamos de amor.
Sonho de paz, em vapores ao ar,
desaparece à penumbra de vida.
Fica ao semblante os pesares de ausências.
E, enquanto amargo o secar-me veloz,
sob o calor de vazio e carência,
adentra, súbito, um facho de sol...