UM SONETO DESREGRADO

Para o poeta Herculano de Alencar

Estive à espera um tempo imenso

Que um desbravador abrisse a senda,

Ainda assim me sinto um pouco tenso

Que um soneto assim não tem na venda.

Não sei se é um erro o que eu pretenda,

Nem se consigo dizer o que penso.

A ideia louca, com rimas compenso,

Contanto que o meu desejo atenda.

Vou criar um poema tresloucado,

Na forma de um soneto desregrado,

Tanto que fica um terceto devendo.

*

O que agora escrevo é só um adendo,

Desculpas por verso tão debochado

Que o leitor só acredita vendo.

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Inspirado nesta maravilha de soneto do poeta

Herculano de Alencar:

Às favas com o rigor das regras

Eu escrevo o que sinto e o que não sinto.

Eu escrevo o que penso e o que não penso.

Eu descrevo o pequeno e o imenso.

Eu descrevo o extenso e o sucinto.

Eu escrevo a verdade. Às vezes minto.

Eu escrevo a mentira e, se preciso:

um verso a se encontrar num paraíso

e um verso a se perder num labirinto.

Procuro a poesia em todo canto,

qualquer seja o modo. No entanto,

debulho o meu poema, bem ou mal:

um soneto sem pé e sem cabeça,

que não faça questão, nem obedeça

o que manda o rigor gramatical.

Herculano de Alencar

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 20/02/2021
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