“Er lässt sich nicht lesen.”
“A minha vida, Inês, é um mistério!
Ai de ti se pudesses decifrar-lhe
Uma sombra sequer, que então fugiras
Dos braços meus espavorida e fria.”
(ÁLVARES DE AZEVEDO)
O livro de minha vida foi engendrado
Por de um ébrio diabo a desvairada mão;
Enigmas há, além de qualquer compreensão,
Em suas páginas eivadas de pecado.
Portanto, ó Jane, não queiras ver desnudado
De seus tristes arcanos o meu coração!
Não podes salvá-lo com tua compaixão,
Pois foi irremediavelmente envenenado!
Se minimamente ousásseis desbravar
O espesso negrume que devorou meu ser,
Fugirias, apavorada, a tiritar.
De meus segredos, pois, nunca tentes saber –
Meu fardo a sós sempre haverei de carregar
E ao sepulcro levá-lo-ei quando morrer!