Escombros

Um martírio que sinto no meio do coração

avistando o castelo agora desmontado...

Tão elegante afigurava-se, tão perfeito,

e no presente em brusca areia modificado.

Das tonalidades que antes eram luminosas,

sobraram tão apenas os tons mais cinzentos

e das figuras tanto aprazíveis e enganosas,

escombros estéreis beijados pelo vento...

O que virará então desse inocente carinho

desabrochado num epílogo de primavera...

Que líquido dizimará a sua intensiva sede?

Estirado ao chão, sem telhas, nem parede,

castelo fictício e ilusório da desolada quimera

é a sentença desumana de um amor sozinho.

Samira Vilaça Araújo
Enviado por Samira Vilaça Araújo em 13/02/2021
Código do texto: T7183427
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