Sina
Aqui em meu peito vive um cemitério infindo,
lugar onde a cada instante novo pesar se encerra,
aos sons ensombrados e exclamações de guerra,
e os guinchados afinal do tentador aqui sorrindo.
Olho o nascer do dia, como nasce um gracioso dia,
e já a ansiedade instantânea em meu ser descerra,
um rudimentar ataúde e alguns palmos de terra,
enquanto o cão gargalha deste coração carpindo.
Desse modo vou seguindo nesta profunda jornada,
e modificando fúria e lodo em límpida argamassa,
para a intensa sepultura desta maneira incompleta.
A todo passo uma pedra e ao longo maior pedrada,
É que possivelmente não exista na vida desgraça
superior, que levar na alma a sina de ser poeta.