Sina

Aqui em meu peito vive um cemitério infindo,

lugar onde a cada instante novo pesar se encerra,

aos sons ensombrados e exclamações de guerra,

e os guinchados afinal do tentador aqui sorrindo.

Olho o nascer do dia, como nasce um gracioso dia,

e já a ansiedade instantânea em meu ser descerra,

um rudimentar ataúde e alguns palmos de terra,

enquanto o cão gargalha deste coração carpindo.

Desse modo vou seguindo nesta profunda jornada,

e modificando fúria e lodo em límpida argamassa,

para a intensa sepultura desta maneira incompleta.

A todo passo uma pedra e ao longo maior pedrada,

É que possivelmente não exista na vida desgraça

superior, que levar na alma a sina de ser poeta.

Samira Vilaça Araújo
Enviado por Samira Vilaça Araújo em 10/02/2021
Reeditado em 05/05/2021
Código do texto: T7181382
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