Um mistério…!
Em meu país natal, num tempo já distante,
Vivia um rapaz muito cortês e abastado –
Sempre trajava um casaco longo e pesado
Fizesse frio glacial ou calor escaldante.
Saindo à rua, não havia um instante
No qual por transeuntes não era interrogado.
(“Uso-o para esconder que estou muito anafado!”
Era sua resposta lacônica e constante.)
E prosseguiu com seu casaco inseparável,
Sem que a vivalma viesse a revelar
O seu recôndito segredo indesvendável.
Nem mesmo a Morte dele o pôde arrancar –
Quando ela veio, perguntou-lhe, muito afável,
Se ao Além não podia o casaco levar!