COROA DE SONETOS IV - AMOR

SONETO I

Amor: encanto doce e ardente chama (Geisa)

SONETO II

Clareia, cobre, redescobre, salva, (Ricardo Camacho)

SONETO III

Aquece, queima e o coração se inflama (Janete Sales Dany)

SONETO IV

À luz alegre com odor de malva! (José Rodrigues Filho)

SONETO V

A imensa flecha do cupido chama (Douglas Alfonso)

SONETO VI

O afortunado ser que a nuvem alva (Ricardo Camacho)

SONETO VII

Conforta a vida que aniquila o drama (Elvira Drummond)

SONETO VIII

E a glória chega em virginal ressalva! (Plácido Amaral)

SONETO IX

Amando num relvedo fofo e prata, (Jerson Brito)

SONETO X

No lindo ocaso, após o sol se pôr, (Giliard Santos)

SONETO XI

Ouvindo o verso feito serenata, (Edy Soares)

SONETO XII

Exala a mirra - nobre essência rara! - (Luciano Dídimo)

SONETO XIII

E evidencia o sentimento Amor: (Aila Brito)

SONETO XIV

Santo conúbio de fulgência clara! (Adilson Costa)

SONETO I

Amor: encanto doce e ardente chama,

o brilho reluzente que irradia,

no peito do vivente ser que brama,

adocicadas notas de alegria.

Enleio que sustenta a densa flama,

conquista o coração com maestria,

fazendo dos desejos de quem ama,

prazer que aquece o corpo e a noite fria!

Em júbilo fulgente e cintilante,

repleno, em regozijo multicor,

apura, em seu elã, o amado amante,

Que amar transcende, em brilho, a estrela d'alva.

e que vivenciar sublime amor,

clareia, cobre, redescobre, salva!

Geisa

SONETO II

Clareia, cobre, redescobre, salva,

Protege e ressuscita, o bem renova

Por cândida missão, florindo a calva

Eleita terra de uma graça nova!

No céu, à noite, brilha a estrela d'alva

Comemorando o amor que tudo prova,

Cintila o sol de prata, ó benção alva,

Fazendo dessa esfera a linda alcova!

O gozo d'alma brota sem ter fim,

Imerso na volúpia da verdade,

Feito a criança alegre, toda, enfim,

Sorrindo o sentimento de quem ama,

Acolhe a chama que a felicidade

Aquece, queima e o coração se inflama!

Ricardo Camacho

SONETO III

Aquece, queima e o coração se inflama,

se almejo o beijo acalentando fundo.

Instante mágico que aviva a chama

e não importa a rotação do mundo.

Rebrota o sonho a me encantar na cama,

canção perpétua do anelar profundo,

adentra em mim que eternamente clama.

No mar feroz com emoção afundo...

No céu, a lua - a nostalgia infinda

revela o amor a derramar o encanto,

vencendo o tempo e entorpecendo ainda.

Poesia alcança, ao me abraçar me salva.

A essência unida no universo planto

à luz alegre com olor de malva!

Janete Sales Dany

SONETO IV

À luz alegre com odor de malva!

Passava os dias lendo a natureza,

Sempre encantado com o nascer da alva

E seus matizes raros de beleza.

Menina-moça mostra sua valva

E me oferece o cio da pureza ...

Apaixonado transportei Lindalva

Ao mundo de Eros, deus da safadeza.

Olores outros vão me ungir na cama,

Marcando em brasa o meu amor primeiro,

Por seus afagos meu peito inda clama...

Ressurgem laivos da ardorosa trama

E, quando lembro o tempo de pradeiro,

A imensa flecha de cupido chama.

José Rodrigues Filho

SONETO V

A imensa flecha do cupido chama!

Em gritos flamejantes, um arpejo,

Do olhar dulcificado de uma dama,

Que faz nascer assim, voraz desejo.

Eclode um sentimento, a carne brama!

Paixão, amor, também fiel cortejo,

Hormônios cintilando em cada flama,

Explode o coração, de tão sobejo.

Será Romeu, buscando Julieta?

Na ruas perigosas de Verona,

Se for, um bom final então prometa...

Trazendo um novo olor, que busca e salva,

Purificando os atos, vindo à tona,

O afortunado ser que a nuvem alva.

Douglas Alfonso

SONETO VI

O afortunado ser que a nuvem alva

Recobre a fase nova - o amor enlaça -;

Consente que a amorosa sorte salva:

Santo broquel imune da desgraça!

E em meio de um negror, feliz ressalva,

O ser que eleva a grande humana raça

Bem mais além que o sol e a estrela d'alva,

Num misticismo cândido de graça

E o voejar da sensação sublime,

Por ser tocante, elástica doçura,

Que nem o verso alcança quanto exprime,

Faz de um destino a boca que proclama

O imenso amor que, ao desfazer loucura,

Conforta a vida que aniquila o drama!

Ricardo Camacho

SONETO VII

Conforta a vida que aniquila o drama,

somente o amor reconfigura a trilha...

Lamúria e choro, inquietando, inflama

e em seu socorro a benquerença brilha.

Pois nosso amor, ao reduzir a chama

que queima e, ardendo, me sufoca e engrilha,

devolve o fôlego e, vivaz, aclama

a luz gentil que regenera a estilha...

A quatro mãos, a melodia ecoa

em tom maior, bemolizando a dor —

refaz e aviva a partitura, em loa...

Deste alto céu, que nem a estrela d’alva,

polindo a noite nos destaca a cor,

e a glória chega em virginal ressalva.

Elvira Drummond

SONETO VIII

E a glória chega em virginal ressalva

Trazendo plenitude ao véu celeste,

Apartamento audaz da estrela Dalva,

Que clareou o amor que me impuseste.

Tua epiderme densa, a tudo salva,

Salva inclusive a gana, que inconteste,

Maluco impuz à pele que tão alva,

Trouxe-me à luz, no afago que puseste.

E foi seguindo tua estrela guia,

Sendo escudeiro alerta do teu ser,

Que fiz de ti, a minha moradia...

A residência amada que me acata

E que me faz na vida só viver

Amando num relvedo fofo e prata.

Plácido Amaral

SONETO IX

Amando num relvedo fofo e prata,

fitamos, na amplidão do desatino,

a chama imperecível que arrebata

o nosso sentimento nectarino.

O céu despeja rúbida cascata,

na face deixa o lume vespertino

unido às confidências e retrata

a graça de um presente do destino.

Alegre e alvoroçado, o passaredo

que adeja nos caminhos das alturas

parece até sondar algum segredo.

A tarde morta abraça o resplendor

dos olhos onde gritam tantas juras,

no lindo ocaso, após o sol se pôr...

Jerson Brito

SONETO X

No lindo ocaso, após o sol se pôr

Os raios da paixão adolescente

Começam a brotar, frente ao negror

Da noite que se achega, de repente.

Com todo o seu aspecto sedutor

Um jovem, agradável e eloquente,

Procura traduzir o seu amor,

Enquanto a lua nasce, aurifulgente.

Usando os artifícios da paquera

Conjuga com destreza o verbo amar

Na prosa que, do peito, reverbera.

O nobre sentimento se retrata,

E a moça encerra a noite de luar

Ouvindo o verso feito serenata.

Gilliard Santos

SONETO XI

Ouvindo o verso feito serenata,

quem ama embala, ao som da poesia,

o amor ardente, e na medida exata,

até que o corpo aos poucos se extasia.

No versejar o amor que se retrata

é qual neblina mansa em noite fria,

conteste estampa, em que o luar de prata

tinge a pradeira em tons de nostalgia.

O encantamento divinal permeia

alvissareiro e em beijos flamejantes

eleva amores que a canção enleia.

Parece até que o tempo entende e para,

e o frenesi dos corpos ofegantes

Exala a mirra - nobre essência rara! -

Edy Soares

SONETO XII

Exala a mirra - nobre essência rara,

Um forte aroma com poder de cura,

Que nos isenta de qualquer fissura,

Para que o nosso amor não crie escara.

A mirra que embalsama tão preclara,

Eternizando a carne sem sutura,

Que faz jorrar a fonte na secura,

Ungindo e perfumando a joia cara.

Subamos, pois, os montes perfumados,

Gotejando a paixão e seu odor,

Com o peito em centelhas, abraçados.

Aroma que se mostra em toda cor,

Que funde os corações enamorados

E evidencia o sentimento Amor.

Luciano Dídimo

SONETO XIII

E evidencia o sentimento Amor,

Em cada gesto, cheio de expressão,

Que a luz de um terno olhar, veraz dulçor,

Traduz diretamente ao coração.

Congraça o peito, reborando o ardor;

Exprime fielmente a comunhão,

De duas almas gêmeas, no calor

Das chamas crepitantes da paixão,

Que enfunam velas, fazem deslizar,

Nas ondas da emoção, o sentimento,

Levando os corações ao porto amar.

Ditoso no propósito declara:

Jubila-te! Sagrado é o casamento,

- Santo conúbio de fulgência clara! -

Aila Brito

SONETO XIV

Santo conúbio de fulgência clara

transforma em lar um peito desvalido,

que a cicatriz de um coração não sara

como se a dor jamais lhe desse ouvido.

O tempo engana ao proclamar que para

para que a vida volte a ter sentido,

que a porta do universo se escancara

mesmo que o sonho esteja adormecido.

O ventre abriga a flecha que anuncia

que o bem se arvora a combater o mal

enquanto não se rasgue a fantasia

do louco que repete em sua cama

como se fosse a voz de um tribunal:

amor: encanto doce e ardente chama!

Adilson Costa

SONETO XV - COROA

Amor: encanto doce e ardente chama;

Clareia, cobre, redescobre, salva,

Aquece, queima e o coração se inflama

À luz alegre com odor de malva!

A imensa flecha do cupido chama

O afortunado ser que a nuvem alva

Conforta a vida que aniquila o drama

E a glória chega em virginal ressalva!

Amando num relvedo fofo e prata,

No lindo ocaso, após o sol se pôr,

Ouvindo o verso feito a serenata,

Exala a mirra - nobre essência rara! -,

E evidencia o sentimento Amor:

Santo conúbio de fulgência clara!

Ricardo Camacho