Do poeta torto ou A sorte do poeta

Descrever o azul requer algo que nem existe em nós...
Descrevê-lo é como imaginar a nossa não-existência...
Algo que não tem expressão, lugar nem voz...

Uma gana, às vezes, fustiga, invade a consciência
e sinto a sensação do vazio, perturbadora... atroz!
Pense bem, antes de parar de ler, na sua ausência...

A não-presença, em quatro dimensões,
ou talvez 11, é tão ou mais perturbadora
quanto a não-existência, sem tempo, nas imediações...

E a cor carola? Responde? É uma não pressão
misturada à presença de um não-ser...
O não existir é difícil de sentir e se sente mais no não...

Nada está definido, nem o seu eu é desafio,
nessa definição de não-espaço, nem tempo...
Isso nos leva a ser um não-ser inexistente, vazio!

(Reedição)
(Ouça a declamação na página de áudio )