Deus em Mim
Onipotente Deus que, em mim pequeno,
Vives teu sonho de nascer um dia,
Peço perdão se fiz da tua cria
Algo tão pobre, ególatra, obsceno!
Peço perdão, porém, não me condeno
Pois o que fiz melhor ninguém teria
Feito decerto na selvageria
Deste meu corpo, em seu inferno pleno!
E o teu olhar, brilhando no meu olho,
Me diz ainda que, se o mal escolho,
É só por crer que exista um bem no crime...
Por não saber que, em mim, és plenitude,
Libertação da dor da carne rude
E do prazer fugaz – que eleva e oprime!