¡Chitón!
“Dorme, ó anjo de amor! No teu silêncio
O meu peito se afoga de ternura,
E sinto que o porvir não vale um beijo
E o Céu um teu suspiro de ventura!”
(ÁLVARES DE AZEVEDO)
Tão sorrateiramente quanto um vampiro
(Depois de às mancheias subornar sua criada),
Adentro o quarto onde dorme, imperturbada,
Minha Anastasia por quem de amores expiro.
Por um arroubo de coragem me inspiro,
E um terno beijo roubo-lhe à face rosada –
De leve mexe-se na cama perfumada
E de seus lábios escapa um suspiro!
Retiro-me tremendo de pejo, exultante!
Mesmo que colhido a medo, ouvi, enfim,
Suspirar sonhando comigo minha amante…
Cedessem-me um império, simples assim
O negaria, impassível, no mesmo instante:
“De que isto vale? Ela suspirou por mim!”