Prévio Ateu
Elevando os braços ao azul celeste distante
E descojurando todos os deuses invisíveis,
A humanidade clama: — “Deuses inflexíveis,
Dos quais amparam o horizonte triufante,
Por qual motivo nos criastes? Constante
Acelera o tempo e só dispõe, insaciáveis,
Mal, heresia, miragens, pugnas horríveis,
Em um redomoinho tirânico e alucinante...
Logo não seria preferível na trégua indulgente
De coisa alguma e do que ainda não existe,
Ter permanecido dormindo perduravelmente?
Por qual motivo para desgraças nos evocastes?”
Contudo os deuses, com vozear ainda mais triste
Clamam: “Homens, por qual motivo nos criastes?”