Desdém

Você desdenha do meu amor,

Não faz caso das flores, no buquê;

Nem se compadece da dor,

Que borbulha numa taça de rosé.

Desdenha das palavras do poema,

E até mesmo da minha prosa;

Disseca meu teatro, cena a cena,

Como despetala-se uma rosa.

Mas cá entre nós, eu desconfio,

Seu desdém é puro fingimento;

Não é sério, ou real... é um pavio

Que, se aceso, queimaria num momento,

E nem mesmo a água de um rio,

Apagaria todo esse sentimento.

João Barros
Enviado por João Barros em 19/01/2021
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