Desdém
Você desdenha do meu amor,
Não faz caso das flores, no buquê;
Nem se compadece da dor,
Que borbulha numa taça de rosé.
Desdenha das palavras do poema,
E até mesmo da minha prosa;
Disseca meu teatro, cena a cena,
Como despetala-se uma rosa.
Mas cá entre nós, eu desconfio,
Seu desdém é puro fingimento;
Não é sério, ou real... é um pavio
Que, se aceso, queimaria num momento,
E nem mesmo a água de um rio,
Apagaria todo esse sentimento.