Dies irae
Há muito tempo venho deveras zangado
Com minha condição abjeta e deprimente:
Nada há neste mundo que, minimamente,
Não me faça espumar de tão enojado.
As rosas são vermelhas em demasiado,
E até o céu é azul exageradamente;
O Sol me irrita com seu brilho insistente
E meu pão com manteiga é muito amanteigado!
Mas se dentre tudo tivesse que escolher
Aquilo que mais faz meu sangue fervilhar,
Que as estribeiras quase venha a perder,
É o fato de que, todo dia, ao acordar,
Sigo direto ao espelho para me ver
E o MEU rosto lá está a me encarar!