Céu não literal
Tu choras, senhorita, mas teu pranto
vem sobre mim – terrível tempestade.
O céu desaba ao ver-te a divindade
verter a dor em teu semblante santo.
Jamais direi "não chores, não", no entanto;
que assim dizer, seria crueldade...
Quem pode controlar a intensidade
da nuvem crassa quando pesa tanto?
Peço, querida, apenas que tu possas,
quando chorares as lembranças nossas,
num lenço azul secar a tua face...
Assim, quando me afogue o vendaval,
eu veja neste céu não literal
o teu consolo: um dia anil que nasce.