Céu não literal

Tu choras, senhorita, mas teu pranto

vem sobre mim – terrível tempestade.

O céu desaba ao ver-te a divindade

verter a dor em teu semblante santo.

Jamais direi "não chores, não", no entanto;

que assim dizer, seria crueldade...

Quem pode controlar a intensidade

da nuvem crassa quando pesa tanto?

Peço, querida, apenas que tu possas,

quando chorares as lembranças nossas,

num lenço azul secar a tua face...

Assim, quando me afogue o vendaval,

eu veja neste céu não literal

o teu consolo: um dia anil que nasce.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 16/01/2021
Reeditado em 16/01/2021
Código do texto: T7161065
Classificação de conteúdo: seguro