A UVA

A uva que é sua, que pena que tem

taninos que apertam, fininhos e hostis,

e fazem amargos na língua petiz,

bem como em gengiva, bochechas também.

Deslizo nas folhas, no cabo e raiz

da uva do enlevo que sinto, meu bem,

que danem-se os lábios cingidos e nem

dispenso-lhe os bagos, a afagos gentis.

Enfrento os taninos, valente de amor,

aguento apertadas por todo o meu ser,

pois chupo-lhe a uva e me adentro no céu.

Meu sangue se adoça ao mesclar-se no mel

que encontro no gosto e no cheiro a me arder.

Nenhuma outra fruta tem tanto sabor!