AGONIA E ÊXTASE / SONETO DE FIDELIDADE (dueto)

AGONIA E ÊXTASE

Tece o poeta seu poema tristemente,

Se de sua vida o amor se distancia,

Em negra noite se transforma o seu dia,

Seu coração calado sofre penitente.

Tece o poeta seu poema alegremente,

Quando de novo o amor se anuncia,

Nessa alvorada que desponta em alegria,

Seu coração não cabe em si de tão contente.

Toda paixão um dia acaba, pois é chama,

Tal qual o corpo volta ao pó que pertenceu,

Porém eterno é o amor, se aconteceu...

E então na alma esse amor retorna e clama,

Pra ter um corpo como aquele que perdeu,

Outra paixão como a que outrora já viveu...

(Francisco de Assis Góis)

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure

(Vinícius de Moraes)

Ouça as declamações desses poemas na página de audio https://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/92535

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