O Louco de Amor

I

Morre a ilusão, mas não morre esse amor...

Crês-me iludido em puros devaneios,

Pergunto-me se não sentes, oh flor,

O chamado do Eterno em teus anseios?

Ah, querida, não sou só sonhador!

Talvez louco, por ver nos meus passeios

O Invisível, que fez-me sentir dor

De amar a ti... sim, amo-te sem rodeios!

Sou louco, mas de amor, portanto, oh Deus!...

Que fado! Ver água onde vê uma pedra

A maioria! Que gozos, porém, os meus!

Ah, se tu também visses, minha amada,

O convite celeste, donde medra

A Felicidade, essa imortal fada...

II

Assim, eu te teria entre os meus braços,

Celebraria contigo os santos laços

Do matrimônio, amando eternamente

Teu espírito, a mirar o céu luzente...

Oh, bondade do Alto, oh infindos espaços

Com seus angelicais, lindos, regaços!...

Graças ao Amor, sem-fim, revivescente!...

No coração, a verdade, este homem sente...

Por isso, esse amor puro não tem fim

E se torna impossível te esquecer,

É o mistério infinito de se amar...

Ah, querida, vem logo para mim!

Então, a Felicidade vai nascer...

Eis o prazer que sempre vai durar.