A mendiga
Bateu em minha porta certo dia
Sedenta, esfomeada, uma mendiga;
Descalça, em andrajos - de fadiga,
A sua voz nem quase se ouvia.
Num suplício por água e pão pedia
Dizendo-me: a fome e sede obriga
A mim, que já fui bela rapariga
Pedir aos outros o que me sacia!
- Fui nova, fui bonita, fui amada,
Tenho ainda comigo bem guardada
Uma carta que há anos recebi!
E ao mostrar-me a carta que ela tinha,
Quase chorei – pois a carta era minha
Que ainda mocinho um dia lhe escrevi.
Bateu em minha porta certo dia
Sedenta, esfomeada, uma mendiga;
Descalça, em andrajos - de fadiga,
A sua voz nem quase se ouvia.
Num suplício por água e pão pedia
Dizendo-me: a fome e sede obriga
A mim, que já fui bela rapariga
Pedir aos outros o que me sacia!
- Fui nova, fui bonita, fui amada,
Tenho ainda comigo bem guardada
Uma carta que há anos recebi!
E ao mostrar-me a carta que ela tinha,
Quase chorei – pois a carta era minha
Que ainda mocinho um dia lhe escrevi.