Sonhos.
Meu pranto é voz calada, escura e sã.
Escuto a noite imensa, como rosa;
O rosto, o vento, a palma atroz da irmã
Beleza triste, pérfida da prosa.
Os sonhos táteis rangem infinitos,
O céu dos homens fortes, bravos, vivos.
Meus dedos sentem cócegas e frêmitos
Da vida intensa e vã dos agressivos.
Caminho e passo a dor do mundo estranho
E cheiro as obras d'um cantor translúcido.
Canções vermelhas, vis, do olhar castanho.
E a noite chora o brilho do luar.
Escrevo em sangue rosa, momentâneo:
E a lua esquece e para de chorar.
De um caminhante,
Pedro Lino.
(To John,
The dream is not over, we keep dreaming.)