A última cruz

Ao som de um blues, mastigo o pensamento,

qual fosse o ar a esmiuçar a vida:

No fim de tudo, esta manhã comprida

veio clonar meu colossal tormento?

Levanto e vago relutante, lento...

frente ao espelho, vejo dissolvida

minha vontade de vencer a lida,

que se alvoroça à convulsão do vento.

Não fosse a fé que, mesmo assim, me escora,

eu, francamente, fundaria agora

a última cruz do meu cruciante enredo.

Mas quando penso deste modo crasso,

Meu Deus, Jeová, me guarda em Seu abraço

e me sossega: Acalma, filho! é cedo.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 28/12/2020
Reeditado em 14/08/2021
Código do texto: T7145904
Classificação de conteúdo: seguro