A Gaveta

A noite por que passa a negra ave

Varria, tristemente, o véu do mundo...

No denso santuário, a voz suave

Cantava, junto à lira, num segundo.

Surgiu no céu aquela estranha Nave

— Destino permanente do defunto —

Pintando o som amargo e muito grave

Dos prantos que levaram todo assunto.

Jamais sentiu a vida, a pobre moça,

Porquanto esteve triste e sempre insossa,

Mantendo, ainda assim, a branda fé.

Vivia imaginando a própria morte,

E na gaveta amada, num recorte...

Deixou um triste adeus no rodapé.

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Soneto escrito pelo Gabriel Zanon Garcia e eu,

especialmente para o projeto Escola Revivalista.

Escola Revivalista
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 25/12/2020
Reeditado em 25/12/2020
Código do texto: T7143955
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