A Gaveta
A noite por que passa a negra ave
Varria, tristemente, o véu do mundo...
No denso santuário, a voz suave
Cantava, junto à lira, num segundo.
Surgiu no céu aquela estranha Nave
— Destino permanente do defunto —
Pintando o som amargo e muito grave
Dos prantos que levaram todo assunto.
Jamais sentiu a vida, a pobre moça,
Porquanto esteve triste e sempre insossa,
Mantendo, ainda assim, a branda fé.
Vivia imaginando a própria morte,
E na gaveta amada, num recorte...
Deixou um triste adeus no rodapé.
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Soneto escrito pelo Gabriel Zanon Garcia e eu,
especialmente para o projeto Escola Revivalista.