UMA CASA SEM JANELA

Chorava o molecote ao ver as cenas

naquela rua um tanto alvoroçada:

cartazes dançarinos na calçada

mostravam o velhinho e suas renas.

Um drama corriqueiro em tais arenas:

a vista do menino foi levada

ao texto atrás da imagem desenhada

quando o papel chegou nas mãos pequenas.

O pouco estudo, ao menos, permitia

que decifrasse o quase adolescente

a propaganda escrita, doce e bela.

Desesperou-se mais porque no dia

da festa popular, nenhum presente

teria e lhe faltava até janela.