Eremita

Nas vias deste mundo vivo a vida

Do eremita cuja alma atordoada

Vê o passado - Miríade perdida!

E vê o presente e já não vê mais nada…

Tenho entre todos a alma mais ferida

E o perfume de uma ara abandonada,

Onde uma fé pagã dorme esquecida,

Nos ecos de uma lira antepassada.

Mas os bens que eu via não são reais,

Daqueles deuses nenhum é verdade,

E tais poetas não existem mais.

E canto e toco e choro, como Orfeu

Fixando meu olhar na eternidade,

Naquilo que se foi, que se perdeu...