Atraso
Sonhei, escutei sua fala clamar o meu nome.
Desolados ruídos, numa súplica tão triste...
Minha alma desperta sem ansiar, se consome;
à minha lamentação, ao desejo, não mais resiste.
Nos punhos abstratos pelo amor que foram tecidos,
flutuo na escuridão da noite, sem nenhum temor...
Todos os infortúnios fracos enfim adormecidos...
Golpeio o céu negrume, na fisionomia de um condor.
Por fim que venho e te encontro tão sozinho...
Procurando se acalentar em isolado ninho,
trajado das memórias que já não voltam mais...
Enlaço teu corpo, te contenho em meu calor.
Beijos perversos, inconsequências do amor...
Sim, nós atrasamos... Demoramos demais!