CHÃO FERIDO
O enfraquecido olhar do combatente,
imerso na aspereza dos trabalhos,
mareja no semblante entregue aos talhos
riscados pelo tempo intransigente.
A idade, às vezes, torna os passos falhos,
reprime a força, o golpe é diferente
no chão ferido, berço da semente,
onde o cansaço explode seus orvalhos.
As mãos honradas, cheias de poeira
seguram, entre os calos, a madeira
do cabo de uma lâmina aguerrida.
Enquanto seus deveres executa,
o velho lavrador reflete: a luta
nem sempre pode ver reconhecida...
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Soneto classificado em terceiro lugar no XXIX Concurso de Poesias Augusto dos Anjos, da cidade de Leopoldina/MG.